
Gelos e geleiras estão a derreter mais rápido no verão e a crescer menos no inverno, resultando em um balanço cada vez mais negativo. O gelo brilhante que antes refletia o sol deu lugar às águas mais escuras do oceano que absorvem calor. O problema para nós, humanos, e para muitas outras espécies vivas, é que esse fenômeno acelera o aquecimento global e altera a cadeia alimentar oceânica em níveis ainda não contabilizados e analisados.
Se isso não é alarmante, pode ser que o sentimento de impotência diante de forças políticas destrutivas da natureza tenha se tornado muito maior do que o medo da própria natureza. Os frankfurtianos já haviam percebido que a ciência substituiu o mito para pôr fim ao medo da natureza, mas, tal como eles previram, a natureza revolta-se.
“A extensão do gelo marinho do Ártico no verão está diminuindo 12,2% por década devido às temperaturas mais altas.” (NASA)
“A Antártida está perdendo massa de gelo (derretendo) a uma taxa média de cerca de 136 bilhões de toneladas por ano, e a Groenlândia está perdendo cerca de 267 bilhões de toneladas por ano, contribuindo para o aumento do nível do mar.” (NASA)
Não se trata de ser catastrofista ou não. O alerta é para que tomemos providências. Precisamos acreditar que somos capazes de reorganizar a sociedade em todas as suas esferas. Isso somente será possível se reconhecermos o medo da natureza e aceitarmos que o caminho tomado pelo modo de vida moderno estava e está errado.
Outro fenômeno que pode aumentar exponencialmente o aquecimento da Terra são as queimadas. Um estudo apoiado pela NASA descobriu que as florestas na Amazônia que sofreram incêndios permanecem cerca de 2,6 °C mais quentes do que as áreas vizinhas intactas. O mais surpreendente é que esse calor extra pode persistir por pelo menos 30 anos, sublinhando o impacto duradouro e a lenta recuperação dos ecossistemas após desastres.
É importante lembrar que esses acontecimentos já representam a morte de incontáveis seres vivos, inclusive humanos. Mais importante ainda é saber que, se forem zeradas as emissões de dióxido de carbono (CO2), o aumento da temperatura global (o aquecimento) pararia ou se estabilizaria em questão de uma a duas décadas após o zero líquido. Isso não significa reverter todos os impactos, mas fazer o possível para reduzir as catástrofes.
Referências:
COLUMBIA CLIMATE SCHOOL. “Florestas queimadas da Amazônia permanecem quentes e estressadas por décadas, descobre novo estudo apoiado pela NASA”. 25/07/2025. Disponível em: https://news.climate.columbia.edu/2025/07/25/burned-amazon-forests-stay-hot-and-stressed-for-decades-finds-new-nasa-supported-study/#:~:text=Sciences%2C%20Press%20Release-,Burned%20Amazon%20Forests%20Stay%20Hot%20and%20Stressed%20for,Finds%20New%20NASA%2DSupported%20Study&text=Forests%20in%20the%20Brazilian%20Amazon,for%20at%20least%2030%20years . Acessado em 27/07/2025.
COPERNICUS MARINE SERVICE. Programa de Observação da Terra da União Europeia. Gelo Marinho. Disponível em: https://marine.copernicus.eu/pt/explainers/why-ocean-important/sea-ice?utm_source=openai . Acessado em 27/07/2025.
NASA. Camadas de gelo. Disponível em: https://climate.nasa.gov/vital-signs/ice-sheets/?intent=121 . Acessado em 27/07/2025.
NASA. Extensão mínima do gelo marinho do Ártico. Disponível em: https://climate.nasa.gov/vital-signs/arctic-sea-ice/?intent=121 . Acessado em 27/05/2025.
IPCC, 2023. SYNTHESIS REPORT OF THE IPCC SIXTH ASSESSMENT REPORT (AR6). Disponível em: https://report.ipcc.ch/ar6syr/pdf/IPCC_AR6_SYR_LongerReport.pdf. Acessado em 20/02/2024