O risco de perdermos o “Caribe Brasileiro”

Paulo Scherer Analista de Sistemas e Técnico em Meio Ambiente

Alter do Chão, no coração da Amazônia, é mais do que um destino
turístico: é um símbolo de como o Brasil pode unir beleza natural,
cultura tradicional e desenvolvimento sustentável. Suas praias
de rio cristalino, moldadas pelo ritmo das águas do Tapajós, são
conhecidas no mundo inteiro como o “Caribe Brasileiro”. Mas esse
paraíso está sob ameaça.
A combinação entre a chamada PEC da Devastação, que desmonta
salvaguardas ambientais, e os projetos de privatização do rio
Tapajós, que visam transformá-lo em mera hidrovia de exportação,
pode selar o destino de Alter do Chão.
Quando se fala em “privatizar” um rio, não estamos falando apenas
de concessões técnicas: falamos de retirar das comunidades e da
natureza o direito histórico de existir em equilíbrio. O Tapajós
passaria a ser controlado por interesses do agronegócio e da
mineração, servindo como corredor logístico de grãos e minérios, em
detrimento da vida que pulsa em suas margens.
As consequências são claras:

  • Assoreamento e destruição das praias sazonais, que
    dependem do ciclo natural das águas.
  • Poluição por mercúrio e resíduos industriais, que ameaça
    a saúde de populações ribeirinhas.
  • Perda do turismo sustentável, motor econômico que garante
    renda e preservação cultural.
  • Ataque à biodiversidade, com espécies ameaçadas pela
    alteração do fluxo e volume do rio.
    Se Alter do Chão deixar de existir como o conhecemos, não será
    apenas o fim de um cartão-postal. Será a prova de que o Brasil abriu
    mão de sua maior riqueza estratégica: a Amazônia viva. O
    mundo atravessa uma crise hídrica sem precedentes, e justamente
    quando descobrimos que a região abriga aquíferos gigantes, como o
    SAGA, cogita-se destruir o equilíbrio que mantém essa abundância.
    O “Caribe Brasileiro” não é luxo. É patrimônio natural e cultural que
    deveria ser defendido com a mesma seriedade com que se protege
    uma obra-prima da humanidade.

Se o Brasil escolher o caminho da devastação e da privatização
predatória, o preço não será apenas ambiental: será a perda
irreversível da nossa identidade amazônica e de um futuro
sustentável.

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