A Exploração de Terras Raras no Brasil já acontece e pode estar causando aborto em vacas.

A exploração de terras raras no Brasil desperta o interesse internacional por serem elementos críticos de desenvolvimento tecnológico, porque o Brasil é detentor da terceira maior reserva mundial e também porque o nosso país ainda não detém a tecnologia de exploração e refino desses materiais. Apesar dessas terras já serem exploradas por empresas estrangeiras, com destaque para uma dos EUA e comercializada (principalmente para a China), a posição do Brasil é muito precária. Sua participação nos lucros é irrisória cerca de 11% do lucro líquido. O material exportado não é renovável. Quem negocia são as empresas estrangeiras e a atividade causa altos danos ambientais.

A mineração de terras raras no Brasil feita pela Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM), localizada em Minaçu (GO), destaca-se como a maior e mais significativa em operação no país. Esta empresa, de capital majoritariamente estrangeiro (com investimentos dos Estados Unidos e Reino Unido), é uma das poucas produtoras em larga escala de terras raras fora da Ásia a produzir comercialmente elementos críticos como o Neodímio, Praseodímio, Disprósio e Térbio.

O governo brasileiro não possui participação acionária direta na SVPM, podendo interferir na empresa, apenas indiretamente, por meio de regulamentação e fiscalização.

A receita gerada pela Serra Verde é distribuída entre seus acionistas/investidores estrangeiros, a própria empresa (para custos operacionais e reinvestimentos), o governo brasileiro (cerca de 11% do lucro líquido), funcionários e comunidades locais (estas últimas via CFEM e iniciativas sociais).

Impactos Ambientais e Prejuízos Locais

A mineração de terras raras é uma atividade que, historicamente, tem sido associada a altos níveis de poluição. Apesar das afirmações de que a Serra Verde adota métodos mais “limpos” – como o uso de água e sal em vez de ácidos fortes e a reciclagem da água –, preocupações e relatos de impactos ambientais e sociais têm surgido.

Moradores de Minaçu (GO), na proximidade da mina, relataram a presença de uma substância oleosa e coloração avermelhada em riachos, além de abortos em vacas que beberam dessa água. A empresa coletou amostras, mas respostas conclusivas ainda não foram fornecidas. Tais ocorrências sublinham a importância da fiscalização rigorosa e da transparência, visto que o Brasil, embora não obtenha a maior parcela do lucro, pode arcar com os prejuízos ambientais e sociais decorrentes da atividade.

Outras Empresas e o Futuro dos Minerais Críticos no Brasil

Além da Serra Verde, o Brasil atrai o interesse de diversas outras empresas estrangeiras que exploram terras raras ou minerais críticos. Projetos como o Colossus, em Poços de Caldas (MG), desenvolvido pela australiana Viridis Mining and Minerals, e iniciativas de empresas como Meteoric Resources (Austrália), Aclara Resources (Canadá), Rainbow Rare Earths (Reino Unido), e Energy Fuels (EUA) demonstram a corrida global por esses recursos estratégicos.

Nesse contexto, o governo brasileiro está desenvolvendo uma nova política de minerais críticos, com lançamento previsto para o segundo semestre. O objetivo é defender os interesses nacionais, atrair investimentos alinhados às prioridades do país e, futuramente, influenciar a destinação da produção ou exigir contrapartidas das empresas. Estamos na expectativa de que os negócios de mineração sejam mais vantajosos para o país, mais bem fiscalizados e muito menos poluente.

Atualmente, as terras raras são indispensáveis para o desenvolvimento de tecnologias de transição energética e outros avanços econômicos. É de extrema importância que o Brasil e outros países passem a valorizar mais esses materiais e ao mesmo tempo garantam a preservação ambiental. É contraditória a permissão para exploração estrangeira, sendo que recebemos apenas cerca de 2% em royalties que somados a impostos, somam apenas 11% do lucro líquido). Desses 11%, a maior parte fica com os municípios, para supostamente reparar os danos ambientais irreparáveis.

Certamente a legislação de exploração de minerais precisa mudar, também é verdade que precisamos fazer a transição energética, no entanto, podemos fazer isso com tecnologias menos poluentes e, preferencialmente, nacionais. Lembro aqui a criação de baterias de nano chumbo pela USP, que são leves, sustentáveis e flexíveis.

Esperamos que o Governo possa dar um melhor encaminhamento a essa questão.

Referências:

A PUBLICA. Do amianto às terras raras, cidade de Goiás vive entre passado e futuro da mineração. 01/jul/2025. Disponível em https://apublica.org/2025/07/do-amianto-as-terras-raras-cidade-de-goias-vive-entre-passado-e-futuro-da-mineracao/?utm_source=openai , Acessado em 25/07/2025.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS. Entenda a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais). Disponível em: https://cnm.org.br/storage/biblioteca/ET%20Vol%205%20-%2014.%20Entenda%20a%20CFEM.pdf#:~:text=A%20Compensa%C3%A7%C3%A3o%20Financeira%20pela%20Explora%C3%A7%C3%A3o,pela%20explora%C3%A7%C3%A3o%20dos%20mine%2D%20rais. Acessado em 26/07/2025.

JORNAL USP. Brasileiros criam bateria elétrica leve, flexível e sustentável. 07/05/2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/brasileiros-criam-bateria-eletrica-leve-flexivel-e-sustentavel/ . Acessado em 25/07/2025.

MINERAÇÃO SERRA VERDE. Nossa operação. Disponível em: https://svpm.com.br/br/operacao/ . Acessado em 25/07/2025.

NEOFEED. Brasil avança no mercado de terras raras, novo trunfo chines na guerra comercial. Disponível em: https://neofeed.com.br/economia/brasil-avanca-no-mercado-de-terras-raras-novo-trunfo-chines-na-guerra-comercial/?utm_source=openai . Acessado em 25/07/2025.

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